ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 23.08.1988.

 


Aos vinte e três dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Nona Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, pela passagem de seus sessenta anos de atividade. Às dezessete horas e vinte e quatro minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Luiz Braz, 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; Sr. Gilberto Calderaro, Vice-Presidente do BANRISUL, no exercício da Presidência; Srª. Sônia Pacheco, Secretária Substituta da SMIC, representando, neste ato, o Sr. Prefeito Municipal; Prof. Jorge Babot Miranda, ex-Presidente do BANRISUL; Sr. João Emílio Gazzana, Diretor do BANRISUL; Irmão Faustino João, representando, neste ato, o Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade Católica; Ver. Artur Zanella, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Artur Zanella, em nome das Bancadas PFL, PDS, PDT e PL, comentou os motivos que o levaram a propor a presente homenagem, reportando-se aos primórdios do Banco do Estado do Rio Grande do Sul e traçando um quadro da história dessa instituição, sempre presente na busca do desenvolvimento de nosso Estado. Congratulou-se com o BANRISUL pela passagem de seus sessenta anos, enfatizando sua importância para a economia gaúcha. E o Ver. Flávio Coulon, em nome da Bancada do PMDB, discorreu sobre o significado do BANRISUL, como símbolo da pujança de nossa terra e do trabalho de nosso povo, dizendo que o mesmo representa, para o povo gaúcho, uma garantia de sua integração com o Estado, tornando-se, assim, o verdadeiro banco da gente gaúcha. Em continuidade o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Gilberto Calderaro que, em nome do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e seis minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às dezenove horas, em homenagem ao transcurso dos dez anos da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Luiz Braz e secretariados pelo Ver. Artur Zanella, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Artur Zanella, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Muito boa tarde e obrigado pela presença de todos os senhores. Esta Sessão Solene é para homenagear o Banrisul, pela passagem dos seus sessenta anos de atividades. Falará, em nome das Bancadas do PDS, PFL, PDT e do PL, o Ver. Artur Zanella, autor da proposição.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: (Menciona os componentes da Mesa.) Minhas Senhoras e meus Senhores. Falando também em nome do Ver. Hermes Dutra, aqui presente, do PDS, eu queria dizer que tive a primeira inspiração para fazer o Requerimento que resultou nesta Sessão Solene para homenagear o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, quando esta Casa homenageou, neste Plenário, o aniversário da Farsul. E a Farsul, que foi criada para tentar defender a economia do Estado do Rio Grande do Sul – vejo, com prazer o meu Líder, Ver. Raul Casa -, a Farsul que foi criada para defender a economia do Rio Grande do Sul, que, no início do século, era, praticamente, uma economia equivalente a São Paulo, enfrentava, nos anos 20, aqueles problemas que iriam desembocar no grande “crash” da bolsa de Nova York, e que levou, de roldão, o mundo inteiro. E essas dificuldades que eram enfrentadas pela pecuária, pela produção primária gaúcha, motivaram a realização de um Congresso, com todas as forças produtoras do Rio Grande do Sul, predominantemente a agropecuária, em 1927. E, nesse momento, se identificou que o Estado não tinha condições de dar um suporte à economia do RS com aqueles instrumentos existentes na época. Manoel de Freitas Vale da Silva apresentou, então, a tese sobre a necessidade da criação de um Banco Central de Crédito Rural para o Rio Grande do Sul, e, na oportunidade, a tese foi aprovada, e se buscou os recursos para a criação do Banco, que seria constituída, diz a história, pela venda do direito de aproveitamento das quedas d’água do Rio Jacuí, e mais 50 mil réis, na época, de levantamento de capital. Esta é a origem básica do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Em 1928, ao realizar-se o 2º Congresso dos Produtores, na Biblioteca Pública, então, sob o comando do imortal vulto da nossa Pátria, que foi Getúlio Vargas, se cria, então, o Banco de Crédito Rural e Agrícola que será, então, o início do Banrisul de hoje, em 12 de setembro de 1928. Seu primeiro Presidente, um guerreiro, Secretário de Fazenda, um guerreiro cujo nome aparece inscrito em todas as revoluções da época, Fermino Ari Filho, Secretário da Fazenda. Parece que os fatos procuraram dar a este Banco um guerreiro, um Secretário, porém, repito, um guerreiro, um homem que sempre lutou nas campinas e nos campos do Rio Grande do Sul, defendendo, de armas na mão, as suas idéias, um homem que ajudou a gerar a Revolução de 1930, que modificou este País. Hoje, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul completado os seus 60 anos, e num momento em que o Estado do Rio Grande do Sul está dentro de uma encruzilhada, está em frente ao momento que os espanhóis, na tourada, chamam “na hora da verdade”, na hora em que, numa arena espanhola, se decide a vida do toureiro, e eles chamam isto “a hora da verdade”. O Rio Grande do Sul enfrenta, neste momento, a sua hora da verdade. Ou o Rio Grande do Sul se torna o centro da economia do Brasil, com o Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia e Chile, mais remotamente, e retorna para cá o comando da sua economia ou o Rio Grande do Sul vai ser uma estrada de passagem dos industriais paulistas, cariocas, mineiros, baianos, enfim, de todo o Centro do País, e nós vamo-nos transformar num ponto de passagem. Vamo-nos transformar num entreposto industrial, comercial que vai vender, comerciar produtos alheios e ver passar na frente do seu território e na frente da sua história todo esse intercâmbio que se imagina e que se espera vá ocorrer. No momento em que o Rio Grande do Sul tenta ingressar numa indústria moderna, principalmente pelo pólo, enfrenta todas estas pressões que os senhores e as senhoras sabem e conhecem, é necessário que, junto com a decisão política de seus administradores de lutar por aquilo que o Estado tem direito, é necessário que o seu poder financeiro também seja reforçado. E é necessário que o nosso sistema que financia a geração, a criação e o comércio de riquezas, seja atuante. E é por isto, Sr. Presidente em exercício, Sr. Presidente da Casa, que creio que estejamos aqui. Nós temos que dizer primeiro para o Rio Grande e depois para o País, que este Estado tem condições de ser grande, e que este Estado tem, atrás de suas forças vivas, como centro do nosso sistema financeiro, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, o Banrisul, que não é por fazer sessenta anos que é grande. Que é grande porque ele representa um Estado e Município de Porto Alegre, esse Banco que é nosso, que faz parte da nossa infância, que fará parte da infância e da maturidade de nossos filhos, precisa ser homenageado, precisa ter reconhecido todos os seus principais, vamos dizer assim, todos seus principais produtos, todos seus serviços e finalmente dizer que nós aqui que representamos a população de Porto Alegre, que representamos uma parcela significativa deste Estado, temos que estar juntos, lutando pelo Banrisul, lutando para que ele possa representar essa nossa economia e, principalmente, lutando para que ele seja, cada vez mais, o embaixador deste Estado em todo o Brasil, para que nós tenhamos, onde formos neste Brasil, junto conosco, em todas as principais cidades e capitais deste País, a imagem viva do Rio Grande. É isto que nós queremos, Sr. Presidente, neste dia, e espero que essa Diretoria, independente de qualquer cor partidária, continue nos representando tão bem com tem feito até agora. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pela Bancada do PMDB, o Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: (Menciona os componentes da Mesa.) Peço licença, Sr. Presidente, para fugir um pouquinho do protocolo, antes de ler o meu discurso, e falar um pouco de improviso. Eu tive um pouco de dificuldade na redação deste discurso, porque estava entre falar com a razão e falar com o coração. Optei por falar com a razão. Mas, ao encontrar aqui um velho companheiro de Caxias do Sul, grande funcionário do Banrisul, me vejo obrigado a fazer algumas reminiscências. Eu nasci filho de um contador do Banco do Rio Grande do Sul, René Coulon. O meu padrinho foi escolhido entre os funcionários do Banco do Rio Grande do Sul, Raul Morei. Então, a minha vida ao longo de Caxias, Vacaria, Lagoa Vermelha, Erechim, onde nasci, ela, até os dez anos de idade, foi marcada pela presença, dentro da minha casa, no convívio diário, no almoço, na janta, no café da manhã, pelo Banco do Rio Grande do Sul. De modo que, ao escolher o tema do discurso, eu justamente enveredei pela parte da razão porque eu sabia que iria acabar me emocionando nesta cerimônia de tão profundas recordações neste momento.

Perdem-se no tempo as origens do processo de acumulação de riqueza, por parte do homem. Não é sequer impossível que a guarda de potencial acumulado, para uso em momentos difíceis, seja até mais antigo que a própria existência humana. Vale lembrar, como exemplo, uma infinidade de animais, como a formiga e o esquilo, ou caçadores como o lobo e o tigre, que guardam os excessos para uso em situações de escassez. Neste trabalho gregário de proteção social contra as incertezas do futuro, está a base da civilização humana. Uma base distante, é verdade, pois muito cedo o homem desenvolveu o sistema de trocas, acumulando suas reservas na forma de um produto de valor simbólico, a que batizou de “dinheiro”.

É enorme a distância que separa o momento da criação do dinheiro dos nossos dias, de marcantes sutilezas monetárias. Mas, neste período, a civilização desenvolveu-se através de sucessivos embates entre diferentes propostas políticas e econômicas. Embates que, num primeiro momento, tenderam a agrupar a administração do capital em grandes reservas nacionais, mas que depois, aos poucos, foram distribuindo sua gerência em organizações menores. Os bancos privados foram as primeiras destas organizações. Importantes, sem dúvida, mas distanciados das necessidades das comunidades onde estavam inseridos, já que seu objetivo primordial era o lucro e o próprio crescimento. Foi neste espaço, aberto entre a centralização dos grandes bancos nacionais e o objetivo particular dos bancos privados, que surgiu a necessidade da criação de bancos que se voltassem para os interesses de cada região.

Não me cabe, aqui, fazer um relato histórico detalhado das origens dos bancos estaduais, nem mesmo das origens do nosso Banrisul. Tenho certeza de que outros saberão fazer isto melhor. Também não pretendo, agora, traçar um perfil da inegável importância desta instituição para a economia do Rio Grande do Sul. Mas quero chamar a atenção para um outro aspecto não menos importante, que emana do nosso Banco do Estado. O valor de sua existência enquanto símbolo. Símbolo da pujança da nossa terra. Símbolo da união entre os gaúchos. Símbolo da capacidade produtiva de um Estado que enfrenta dificuldades, sim (e quem não as enfrenta, hoje em dia?), mas sabe enfrentá-las de frente, na luta por melhores perspectivas.

Neste contexto, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul ganhou um papel de extrema importância. Ele personifica, para a população do Estado, a garantia da capacidade do Rio Grande. É até curioso, isto, mas o Banrisul, através de suas agências, de seus serviços, de seus comerciais, ou do trânsito de seus cheques, acabou por se transformar em um ponto de identificação entre os gaúchos. Uma espécie de “marca de cumplicidade natal”, como já me disse, certa vez, um velho companheiro. E, quando falei que isto era um dado curioso, me referia ao fato de que até mesmo gaúchos que não são correntistas, nem trabalham com o Banco, dividem este sentimento. Um sentimento de identidade. Um sentimento de irmandade. Um sentimento que só pode nascer da profunda ligação entre a instituição e seu Estado.

Por isto, senhoras e senhores, preferi destacar este aspecto da atividade do Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Não falei em seus serviços, nem do apoio que tem dado a todas as atividades de ponta da economia gaúcha, nem do incentivo cultural que vem realizando. Preferi, ao contrário, lembrar seu valor, único, como estandarte de nosso Estado. Pois, enquanto suas agências estiverem espalhadas pela terra gaúcha, e para além dela, saberemos todos que o Rio Grande está em pé, e teremos aumentado nosso orgulho de sermos gaúchos. Pode uma instituição desejar maior identidade com sua gente? Tenho certeza de que não. Por isto, a importância toda especial desta homenagem a um banco que, mais do que qualquer outro que porventura use deste slogan, é o verdadeiro “banco da nossa gente”. O Banco da gente gaúcha. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Sr. Gilberto Calderaro, Vice-Presidente do Banrisul, no exercício da Presidência.

 

O SR. GILBERTO CALDERARO: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Diretores de empresas subsidiárias do Banrisul; Srs. funcionários do Banrisul; minhas Senhoras e meus Senhores; representantes da imprensa. Em nome de toda a Diretoria e do corpo funcional do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, desejamos, inicialmente, expressar os agradecimentos por esta homenagem que nos é prestada pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre pelo transcurso dos sessenta anos de fundação do Banrisul.

Este evento é motivo de alegria para todos nós, diretores e funcionários, mas é, igualmente, um momento para fazermos uma avaliação do trabalho que vimos realizando e buscarmos nos adequar à nova realidade econômico-financeira com que se depara o País.

O Banrisul – os senhores sabem – tem tido, ao longo de sua existência, uma íntima vinculação com o processo de desenvolvimento econômico e social do nosso Estado e, particularmente, de nossa Capital. Até pelas suas origens.

Corria o ano de 1927 e o Rio Grande do Sul tinha sua economia assentada basicamente na atividade pecuária. E o setor vivia um momento de crise, depois de um período de grande vitalidade proporcionado especialmente pelas facilidades de colocação dos excedentes de produção de carne bovina no mercado europeu. Contudo, aquele ano marcou uma nova etapa para o setor, provocada pela recuperação dos índices de produção e de consumo das nações européias, determinando a diminuição da necessidade de importar nas proporções do período de pós-guerra. Essa situação levou a uma restrição nos mercados para onde se destinavam maciçamente as exportações de carne bovina do Rio Grande do Sul, que carecia de respaldo creditício para sustentar a pecuária de corte e a produção de carnes.

As dificuldades enfrentadas pelos pecuaristas gaúchos determinaram a realização do primeiro Congresso de Criadores, efetuado em Porto Alegre no período de 24 a 29 de maio de 1927, por iniciativa da Associação dos Criadores do Rio Grande do Sul, com o objetivo de debater todos os problemas que envolviam a economia estadual e, particularmente, as dificuldades vividas pelos pecuaristas. E o primeiro Congresso de Criadores foi efetuado no nosso Theatro São Pedro.

A semelhança do que tem ocorrido com alguma freqüência em tempos recentes, a pecuária gaúcha via sua situação agravada com importações de produtos similares estrangeiros. Para evitar maiores prejuízos, os pecuaristas viam-se na contingência de acelerar a matança de vacas – o que fazia diminuir os ventres para reprodução e reduzia o rebanho bovino do Estado.

Todos esses fatores eram agravados pela inexistência de crédito específico para o setor. Daí a convicção generalizada, entre os pecuaristas, em torno da necessidade de o Estado dispor de uma estrutura financeira que pudesse respaldar a sua atividade. Surgiram, assim, as condições para a criação de um banco de crédito rural.

Na ocasião, o Delegado da Comercial e Agrícola de Itaqui, Manoel de Freitas Valle e Silva, chegou a apresentar uma tese sob o título “Urgência de se fundar um banco central de crédito rural para o Rio Grande do Sul”, onde analisava a situação da pecuária gaúcha e pleiteava das autoridades providências visando à implantação de um banco de credito rural ou hipotecário.

O capital do Banco Central de Crédito Rural seria constituído pela venda das quedas d’água do rio Jacuí, pelo produto de um empréstimo interno de 50 mil contos em cédulas hipotecárias e, ainda, pela soma dos produtos agropecuários.

Mas a idéia de criação do banco só se concretizou, efetivamente, no ano seguinte, quando da realização do segundo Congresso de Criadores, promovido na Administração do Presidente do Estado, Getúlio Vargas, no período de 25 a 29 de abril de 1928, no Salão Nobre da Biblioteca Pública Municipal.

O pronunciamento do Dr. Getúlio Vargas, na abertura do Congresso, foi a arrancada para a aspiração tornar-se realidade. Vargas afirmou que “a instituição de um banco de crédito rural, hipotecário e agrícola seria a pedra de toque para o desdobramento das energias produtoras”, pois forneceria aos proprietários rurais e fazendeiros o numerário a “juros, módicos e largos prazos”, em época, evidentemente, não-inflacionária.

E assim aconteceu. No dia 12 de setembro de 1928, nos salões do edifício do Tesouro do Estado, onde passaria a funcionar inicialmente, nascia o nosso Banco, tendo como Diretores os Drs. Firmino Paim Filho, então Secretário da Fazenda, Renato Costa, João Vieira de Macedo, o Coronel Agnello Correa e o Major João Luiz Gomes.

Nascia o Banco do Estado do Rio Grande do Sul.

De lá para cá, o nosso Banco foi partícipe de todos os momentos importantes da história do nosso Rio Grande. Enfrentou, claro, períodos difíceis. Mas aí está, dando sua parcela de contribuição para o crescimento do nosso Estado.

O Banrisul enfrentou, recentemente, momentos difíceis, em decorrência da debilidade das finanças estaduais, provocada pelo centralismo administrativo e político que estava vigente até bem pouco tempo no País.

O ano de 1987 foi decisivo para a recuperação financeira do Banrisul. Desde sua posse, em março de 1987, a administração do Banco, sob a orientação direta do Sr. Governador do Estado, Dr. Pedro Jorge Simon, adotou como prioridade a liberação do Banrisul da tarefa de financiar a dívida do Estado, ficando livre para direcionar recursos para o crédito ao setor privado.

Seria enfadonho rememorar aqui todo o processo empreendido e que culminou com o saneamento dos ativos do Banrisul. Mas o fato é que, liberado da função de agente financiador do Estado, o Banrisul pode retomar as finalidades originais para as quais foi criado, em 1928, de respaldar e fomentar a atividade produtiva e de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do nosso Estado, o que só foi possível graças à ação firme e histórica do Sr. Governador do Estado e de seus agentes, Deputado César Schirmer, então Secretário da Fazenda e Dr. Odacir Klein, atual Secretário da Agricultura e Abastecimento, à época Presidente do Banco.

Hoje temos a satisfação de dizer que, seguindo a estratégia traçada ao final de 1987, o Banrisul obteve, no primeiro semestre de 1988, um resultado operacional de mais de doze bilhões de cruzados, com um crescimento nominal de 352 por cento e real de 77 por cento. A rentabilidade de seu patrimônio líquido atingiu a mais de 44 por cento, superando a relativa a dezembro de 87, que ficou pouco acima de 27 por cento.

Seu lucro líquido chegou a quase dois bilhões e meio de cruzados. Sua captação total atingiu a 105 bilhões de cruzados. A estratégia planejada para o primeiro semestre, na área de prestação de serviços e gerenciamento da liquidez das empresas, proporcionou a que os fundos administrados pelo Banrisul apresentassem desempenho invejável. Assim, o fundo de curto prazo evoluiu 317 por cento em termos reais no período, enquanto o Fundo Banrisul de Renda Fixa evoluiu 286 por cento, também em termos reais. Cabe destacar que o Fundo de Renda Fixa do Banco obteve o primeiro lugar em rentabilidade entre os 25 maiores fundos do País em patrimônio.

Ao todo, as operações de crédito alcançaram mais de 135 bilhões de cruzados, apresentando um acréscimo nominal de 128 por cento.

Na área de recursos humanos – dizemos com satisfação – são realmente significativos os avanços sociais, visando a dar melhores condições de trabalho aos nossos funcionários.

Recentemente, foi implementado, através da Fundação Banrisul de Seguridade Social, o Plano de Assistência Médica, Laboratorial e Hospitalar – PAM, com a participação do Banco na constituição de um fundo específico, distinto do Previdenciário.

Trata-se de importante conquista dos Banrisulenses que, também contributivamente, aderiram ao Plano e que – ao atender justa e antiga reivindicação – vem proporcionar aos nossos funcionários, ex-funcionários, aposentados e pensionistas, a tranqüilidade de terem para si e para seus dependentes uma completa assistência de saúde a qualquer momento.

Ainda, na área de recursos humanos, tratamos de imprimir uma política voltada ao atendimento das necessidades básicas de cada um dos nossos colaboradores e, principalmente, objetivando facultar uma participação efetiva de todos na busca de conquistas que caracterizem segurança, bem-estar e desenvolvimento pessoal e profissional.

Fruto desta política de recursos humanos, viu-se consolidada a representatividade funcional através de comissões permanentes de negociação e dos Delegados Sindicais; o aproveitamento de funcionários de carreira em cargos da alta administração, tanto do Banco como de suas subsidiárias; a valorização dos comitês integrados por diretores e funcionários; a reestruturação do Quadro de Carreira e o restabelecimento de prerrogativas suspensas ou confiscadas. Investimos no desenvolvimento de um projeto de treinamento de pessoal, nas áreas técnicas, gerencial e de atendimento ao público para contarmos com pessoas cada vez mais qualificadas para um trabalho compatível com a agressividade do mercado.

Realizamos concurso público para admissão de funcionários, que estão sendo colocados preferencialmente nas funções de caixa, objetivando melhorar o atendimento da clientela.

O Banrisul vem se adequando aos novos tempos para o sistema financeiro, através da integração de suas empresas, com a centralização das mesas de operações do Banco e da Corretora, além da transferência para o Banco de grande parte das atividades da Banrisul Financeira.

Para o segundo semestre, o Banrisul objetiva melhorar ainda mais o seu desempenho, através de uma política mercadológica agressiva, lançamento de novos produtos e investimentos na área de informática. Para tanto, estamos ampliando o leque de produtos disponíveis, em especial dos produtos a serem ofertados a segmentos específicos do mercado, tais como o American Express Card, a Superconta Banrisul, a Conta Remunerada Banrisul e o Ouro Banrisul, já lançados.

Com o intuito de preparar a instituição para os próximos anos, estão sendo investidos recursos na automação de agências da ordem de um milhão de OTNs e outras 900 mil OTNs em reforma e modernizações.

Senhores, em resumo, esta é a história do Banrisul e a situação atual vivida pela instituição. Reiteramos nosso desejo de continuarmos – direção e corpo funcional – trabalhando para que o nosso Banco prossiga cumprindo com as finalidades para as quais foi criado há sessenta anos: de respaldar o progresso e o desenvolvimento de todas as comunidades rio-grandenses, quer no plano econômico como no social e cultural.

Reiteramos os agradecimentos da Diretoria do Banrisul e de seus funcionários por esta homenagem que os Senhores nos prestam, ao mesmo tempo em que manifestamos o nosso apreço, respeito e admiração por esta Casa. A honrosa distinção que hoje recebemos desta Colenda Câmara de Vereadores de Porto Alegre serve, sobretudo, como incentivo para a nossa caminhada em busca de dias melhores para o nosso Rio Grande. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em primeiro lugar, quero cumprimentar o nosso amigo, Ver. Artur Zanella, que é o Vice-Presidente desta Casa, que é o autor da proposição, que é uma felicidade a sua proposição, e fez com que todos nós, aqui, na Câmara Municipal, tivéssemos a oportunidade de tomarmos conhecimento da atual situação do Banrisul, porque a importância já havia sido destacada, nesta Casa, em vezes anteriores, mas todos nós que aqui estivemos, nesta tarde, pudemos estar em contato com um pouco da história e do sentimento que envolve toda a história do Banrisul. Também o nosso agradecimento a todos os senhores que fazem parte do corpo de funcionários do Banrisul, pelo trabalho executado, que proporcionou tirar o Banrisul de uma situação, até certo ponto instável, no início do Governo Pedro Simon e trazê-lo para uma situação privilegiada nos dias atuais.

Então, os nossos cumprimentos ao Governador Pedro Simon pela história que ouvimos, pelos dados colocados, da tribuna, deram provas, mais do que suficientes, de que a política econômica adotada pelo Governo do Estado teve a direção certa, a política adotada pelo Governador Pedro Simon proporcionou que a instituição financeira do RS pudesse ter a sua saúde recuperada. E hoje, notamos que se ocupa a tribuna desta Casa para se fazer homenagem a uma instituição que está em crescimento. Hoje não se fez, aqui, nenhum tipo de lamentação. Hoje se falou, apenas, em crescimento, em trabalho, em vitórias. Isto, realmente, foi muito importante. Esta tarde, em que homenageamos os sessenta anos de vida do Banrisul, foi, realmente, muito importante, porque a recuperação do Banrisul é a base para que nós tenhamos, numa manhã, a recuperação, também, deste grande Estado do Rio Grande do Sul, que há de ser tão pujante quanto já foi antigamente, quando nós conseguimos liberar a economia deste País. Mercê deste trabalho que está sendo realizado, tenho certeza absoluta de que, num futuro muito próximo, o Estado do Rio Grande do Sul voltará a ocupar o seu local de destaque, do cenário econômico de todo o Brasil. Muito obrigado a todos os senhores. Meus cumprimentos mais uma vez ao Ver. Artur Zanella, autor da proposição, e os nossos agradecimentos novamente a todos os senhores pelo trabalho desempenhado até aqui. O nosso muito obrigado. (Palmas.)

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h06min.)

 

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